O sonho teve uma pausa...

Avião da Chapecoense cai, e mata 71 pessoas na Colômbia
E o tempo passou...foram 43 anos desde o dia em que Altair Zanella e Vicente Delai conversavam em uma barbearia no centro de Chapecó, quando Lotário Immich os chamava para o lado de fora, convidando também para a conversa Alvadir Pelisser. Os quatro já eram amigos há tempos e na calçada em frente à barbearia, na sombra fresca de uma árvore, Lotário mostrava o escudo que havia desenhado e ao mesmo tempo questionava os amigos: "Vamos fundar um time de futebol?". Delai achava que o amigo estava ficando louco. Em 10 de maio de 1973 nascia o Verdão, um time que surgia sem pretensões de conquistar grandes espaços no cenário do futebol catarinense.
A Chapecoense veio para dar notoriedade e representatividade ao Oeste do estado diante do Litoral, onde muitos ainda sustentavam estereótipos antigos sobre casos de violência acontecidos em Chapecó nos anos 50.
Um esmeraldense contribuiu na história da Chapecoense
Era o ano de 1977, quatro anos após o surgimento da equipe e os primeiros títulos já começavam a surgir. A disputa era o Campeonato Catarinense daquele ano e a equipe tinha iniciado com derrota diante do time de Joaçaba, passou por várias fases durante o campeonato. Porém como no futebol tudo pode mudar, em 14 jogos, foram 11 vitórias, dois empates e uma derrota, era o início da conquista do título que veio com a vitória em cima do Avaí por um placar de 1x0 no Estádio Índio Condá. A equipe e todos os seguidores festejaram o título por três dias.
O título de Campeã Estadual não mudou somente a história da Chapecoense. Uma nova atmosfera de respeito envolvia o time dentro do cenário estadual. Dentro do clube teve início um processo de renovação. Edgar Ferreira havia se despedido do time ainda no fim de 77, quando ocorrera também a troca no comando do clube, e Edney Moraes de Carvalho assumia a presidência da Chapecoense, tendo Gentil Galli como vice. Áureo Malinverni fora designado como novo técnico da equipe. O Avaí, enquanto isso, insistia na justiça desportiva que o título era ilegítimo. A conquista deu ao Furacão do Oeste a oportunidade de disputar o Campeonato Nacional de futebol, então denominado de IV Copa Brasil.
Chapecó passou a viver um novo momento. No dia 7 de janeiro de 1978, o jornal Folha D'Oeste já noticiava os investimentos do prefeito Milton Sander e do secretário de Negócios do Oeste, o esmeraldense Dr. João Valvite Paganella.
Dentro de 180 dias, Chapecó ganhou cara nova. O palco do primeiro título da Chapecoense já contava com novos vestiários, túnel de acesso, dispositivos de segurança, sanitários, um pavilhão coberto com 1.560 cadeiras, duas cabines de imprensa para TV, nove para rádios e dois bares. A obra era realizada através da CODEC, Companhia de Desenvolvimento de Chapecó, presidida por Ivan Bertaso, que mantinha um regime de rodízio permanente de 300 funcionários e sete construtoras. O novo Regional Índio Condá seria capaz de abrigar cerca de 8.500 pessoas na "arquibancada geral", além de 9.500 na "arquibancada popular".
João Valvite Paganella sempre teve orgulho de dizer que contribuiu com surgimento da equipe da Chapecoense, fato registrado durante entrevista realizada pela equipe do Correio dos Lagos, que fez parte do material de comemoração de 50 anos do município de Esmeralda, onde o advogado relatou a experiência em participar da ascensão da equipe.
Muitos títulos conquistados nesses 43 anos
Desde a sua criação no ano de 1973 a equipe da Chapecoense conquistou muito títulos, entre eles:
Campeonato Catarinense: 1977, 1996, 2007, 2011 e 2016
Copa Santa Catarina: 2006
Taça Santa Catarina: 1979 e 2014
Taça Plínio Arlindo de Nês: 1995
O clube subiu da Série D do Brasileirão para a Série A em apenas 6 anos
O sonho teve uma pausa na terça - feira (29)
A quarta - feira, dia 30 de novembro de 2016, marcaria mais um passo na trajetória de sucesso da equipe, onde disputariam a final da Copa Sul - Americana contra o Atlético Nacional, na Colômbia, e o trágico acidente ocorrido na madrugada de terça - feira acabou com o sonho de jogadores, dirigentes, equipe técnica, jornalistas e de uma nação.
A aeronave Avro Regional Jet 85 (RJ85), deveria ter chegado a Medellín por volta das dez da noite na Colômbia. Pouco antes de iniciar sua descida, perdeu contato com a torre de controle. A queda da aeronave ocorreu nas proximidades do Cerro El Gordo, no município de La Unión, em um lugar relativamente perto do aeroporto José María Córdova, a uma hora de Medellín, a segunda maior cidade da Colômbia. Nela estavam 77 pessoas e destas, 71 perderam a vida, sendo 19 jogadores da Chapecoense, 17 membros da comissão técnica, sete diretores, um convidado da diretoria da Chape, 20 jornalistas e sete membros da tripulação. Seis pessoas conseguiram sair com vida do que já é considerado o maior desastre envolvendo o futebol brasileiro relacionado a aviação.
A manhã de terça - feira foi de tristeza e comoção não só em Chapecó e no estado catarinense, mas em todo o mundo. A notícia que ninguém gostaria de escutar, acordava a população transformando o 29 de novembro um dia cinza, escuro e de luto, não só para as esposas, filhos, pais, mães e amigos, mas para todos aqueles que mesmo não acompanhando o futebol, se solidarizam com tamanha dor e perda.
Vídeos na internet demonstrando a alegria dos jogadores em sua grande maioria jovens, promovendo o espírito esportivo e o passo para a realização de um sonho, foram assistidos, compartilhados e enaltecidos por milhares de pessoas.
A população de Chapecó em luto foi para a Arena Condá prestar solidariedade, homenagens, missas e concentração marcam o resto da semana dos familiares, amigos e da população que aguardou a liberação dos corpos. Em reunião realizada na quarta - feira, foi decido pelos familiares que um velório coletivo será realizado no estádio, sendo essa uma forma de proporcionar a população momentos de despedida daqueles que levavam alegria aos lares, principalmente de Chapecó e da região Oeste catarinense. Monumentos em todo o estado foram iluminados na cor verde.
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