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FUTEBOL E SURPRESAS

72% do futebol é ?caixinha de surpresas?, revela estudo. Probabilidade de torneio como a Copa realmente premiar o melhor time é de 28%.

72% do futebol é ‘caixinha de surpresas’, revela estudo. Probabilidade de torneio como a Copa realmente premiar o melhor time é de 28%.

Conclusão saiu de trabalho feito por astrofísico da Nasa e por estatístico britânico; matemático da USP critica premissa usada na análise.

Toda vez que um bom time perde uma partida, algum comentarista de TV recorre ao lugar-comum de que "o futebol é uma caixinha de surpresas" para explicar o resultado. Só agora, porém, um estudo capaz de provar matematicamente que essa condição é verdadeira, dando um número à probabilidade de um torneio de futebol acabar com um resultado "justo: 28%. Os 72% restantes são a caixinha de surpresas.

O número saiu de um trabalho do astrofísico Gerald Skinner, do Centro Goddard de voos Espaciais, em Washington (EUA). Ele e seu cunhado Geoff Freeman, um estatístico da Universidade de Warwick (Reino Unido), publicaram um estudo sobre o tema no periódico "Journal Applied Statistucs".

Para chegar ao número, a dupla de cientistas aplicou uma ideia engenhosa a uma base de dados simples - os resultados dos 64 jogos na Copa da Alemanha, em 2006.

Basicamente, o que Skinner e Freman fizeram foi analisar o número de resultados inesperados – as "zebras"- que ocorreram no torneio, para calcular o risco de o melhor time acabar eliminado antes de levar a taça.

A fórmula da "zebra"- Para definir matematicamente um placar "irrealista", porém, os cientistas tinham de contornar um paradoxo: como saber de antemão qual time é o melhor da Copa se o torneio serve justamente para isso? Os cientistas agruparam todos os jogos do torneio em grupos de três partidas para achar triângulos em que um time A enfrentasse B, B enfrentasse C e C enfrentasse A. Se A ganha de B, B ganha de C e C ganha de A, temos aí uma "zebra", definida em uma fórmula.

Skinner contou 335 triângulos na Copa de 2006, sendo que 17% deles tinham "zebra". Aplicando o número à estrutura do torneio, conclui-se que mesmo a melhor equipe corre 72% de risco de ser eliminada.

Um formato de torneio como o Campeonato Brasileiro, em que todos os times se enfrentam e o resultado é a soma dos pontos corridos, certamente diminuiria esse risco, mas provavelmente não reduziria o número total de zebras.

O futebol, então, está condenado à caixinha de surpresa?

Um pesquisador da USP que leu o estudo de Skinner diz que o trabalho é um exercício intrigante, questiona aquilo que os cientistas adotam como definição de o "melhor" time. Além disso, tríades são ruins para avaliar se um resultado é justo, diz. "Esses triângulos com ‘zebra’ existem até em torneios de xadrez, um jogo onde em tese não existe sorte", diz.

 

Referência: GARCIA, Rafael. In Folha de São Paulo – 03/10/2009 – A23

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