logo RCN

A SOCIEDADE E AS CRIANÇAS

 Quantas empresas têm um espaço para filhos de funcionários ficarem quando eles precisam?

Você já percebeu, caro leitor, que atualmente as crianças são consideradas responsabilidade única e exclusiva dos pais e das escolas?
Eu já perdi a conta de quantas vezes ouvi a frase “preciso que a escola funcione em tempo integral e também nos períodos de férias, porque não tenho com quem deixar meus filhos”. Você ouviu ou pode, inclusive, ter dito isso, não é verdade? 
As escolas reclamam –com razão- que as crianças vão para escola doentes, levando consigo a lista de medicamentos que devem tomar. Em parte por causa disso, boa parte das escolas tem enfermaria em seu espaço. E qual o motivo dos pais para agir assim? Eles não têm com quem deixar a criança que, vamos convir, nesse estado ficaria bem melhor em casa, ou pelo menos, com algum familiar próximo. Dessa maneira, ela poderia se recuperar com mais rapidez, além de evitar o risco de transmitir a doença para muitas outras crianças no espaço escolar que frequenta.
E quando uma criança se comporta de modo inadequado no espaço público? Todos os pensamentos, e olhares também, julgam e reprovam a mãe, que é considerada incompetente em sua tarefa educativa.
Sim, precisamos reconhecer que cuidar dos filhos não tem sido priorizado por muitos pais, que escolhem outras coisas que consideram mais importantes para colocar no topo de sua lista de prioridades. E também precisamos admitir que os pais têm gostado muito de ter a posse total sobre os filhos, Eles até permitem, quando precisam, que o filho fique com avós ou outros familiares, desde que eles sigam rigorosamente as suas orientações. Não é assim que tem funcionado?
O problema é que esse pensamento permitiu que a comunidade  simplesmente ignorasse  os deveres que tem para com suas crianças. Afinal, elas são o nosso futuro, serão elas que construirão o mundo a curto prazo. Todos nós somos, portanto, responsáveis por elas.
Quantas empresas, que têm em seu quadro um grande número de pais, são solidários quando os filhos deles ficam doentes? E quando digo solidários, me refiro a alguma atuação prática, evidentemente. Como permitir que o funcionário trabalhe em casa por alguns dias quando isso é possível, ou não descontar eventuais faltas ao trabalho resultantes desse motivo.
Quantas empresas têm um espaço para filhos de funcionários ficarem, quando eles precisam? A emprega faltou ou escola não funcionou nesse dia, com quem deixar os filhos? Seria ótimo se a criança pudesse ir com sua mãe ou com seu pai para o trabalho, e lá ter um espaço preparado para ela ficar. Acredita, caro leitor, que há empresas que se quer permitem a entrada de funcionários acompanhados de seus filhos? E falo de crianças que ficariam comportadas e de funcionários que trabalham em local que não oferece risco para crianças. 
As empresas ainda não se deram conta de que, se agirem assim, assumem sua parcela de estabilidade social com as novas gerações e com o futuro. Além de tudo, ao apoiar os funcionários que têm filhos, elas melhoraram a qualidade de vida deles. E as empresas precisam de seus funcionários bem.
Já temos experiência suficiente para perceber que deixar os pais como os únicos responsáveis pelas crianças não dá certo. Até quando a sociedade vai ignorar os mais novos e sua responsabilidade para com eles?
 
Referência:
SAYÃO, Rosely. A sociedade e as crianças. Folha de S. Paulo, São Paulo, 1º de julho de 2014.
 
Anterior

A moda agora é o Selfie

TV Assembleia recebe os músicos Rodrigo Mattos e Praiano no domingo (24) Próximo

TV Assembleia recebe os músicos Rodrigo Mattos e Praiano no domingo (24)

Deixe seu comentário