A escassez hídrica que atinge o país se transformou em um marco para o saneamento. Afinal, poucos fatores podem afetar mais uma empresa do que a indisponibilidade de sua matéria-prima. Ainda mais quando a responsabilidade é o fornecimento de água tratada, bem indispensável para a manutenção das funções básicas da sociedade, sejam residenciais, comerciais ou industriais. Água virou, enfim, uma pauta do Brasil, em todas conversas – nos gabinetes oficiais, nos órgãos representativos, nas empresas ou nas famílias.
O Brasil sempre se mostrou orgulhoso com o poderio hídrico. Alguns tentaram alertar que era um suposto poderio. Hoje todos sabem disso, pois estamos tendo de encarar a dura realidade da má distribuição geográfica da água bruta superficial, concentrada majoritariamente nas regiões menos populosas do país. A partir daí se iniciou a corrida para adotar medidas emergenciais, a fim de evitar o colapso no abastecimento.
A atual estiagem, que vem acometendo sobretudo a região Sudeste, deixou evidente a necessidade de planejamento de longo prazo. É imprescindível o início imediato de obras estruturantes, mas não é só isso. Quem concentrar todos os esforços em obras vai se enganar de novo, lá na frente. É urgente que todos os setores estejam cientes de seus compromissos, uma vez que as empresas de saneamento representam apenas um elo dessa frágil corrente.
Cabe a todos nós a missão de preservar e garantir água em qualidade e quantidade satisfatórias, não só para a atual geração, mas também para as futuras. A poluição dos recursos hídricos, o desperdício, a ocupação urbana desordenada – isso para citar apenas alguns exemplos – constituem-se em atitudes não mais toleráveis. Esse tempo felizmente terminou e essa indesejada postura somente será combatida com educação, tecnologia, e articulação público-política.
A crise hídrica que desde o ano passado atinge o Sudeste serviu, pelo menos, para acordar o gigante para o tema. O futuro já começou. Um pouco tarde, mas começou.
NOSSO DESTINO É A PAZ.
REFERÊNCIA: MAY, Andréia. A crise hídrica acordou o país. Diário Catarinense. Florianópolis, 22 de março de 2015.
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