Resultado da eleição em Anita deverá ser lembrado por um bom tempo. Não foi uma simples vitória de João Cidinei e Tadeu Furtado na coligação entre PR, PMDB, PT e PSDB. Foi aquilo que a gente chama de 'sova eleitoral'. Com seus 4.021 votos, João Cidinei bateu em 68,23% dos votos válidos, contra meros 31,77% ou 1.872 votantes a favor de Adelino Dutra e Roberto Viecelli. Esse resultado pode ser interpretado como consequência dos atrapalhos que marcaram a campanha. O PSD se perdeu pelo caminho ao tirar Júlio Pinheiro do páreo e escalar Beto Marin e depois ter que encostar Viecelli com coadjuvante de Adelino. E depois disso a coisa desandou. As pesquisas durante a campanha já antecipavam que João Cidinei faria o dobro de votos em relação ao concorrente. E não deu outra.
Embora o PMDB tenha soltado foguetes por ter emplacado o vice de João Cidinei, a sigla precisa comemorar de forma comedida. Faltou aos peemedebistas a articulação ao ponto de se quer ter nome como protagonista da disputa. Mas a essas alturas, por certo, a felicidade é maior pela vitória que a análise de que os dois lados principais da política anitense (PMDB e PSD) saíram um pouco lanhados do processo eleitoral. O PSD um pouco mais, é claro, pela derrota avassaladora imposta pelas urnas.
Esta eleição serviu também para concretizar um sonho e sepultar outro. João Cidinei e Adelino Dutra sonhavam comandar a prefeitura em Anita. No caso do primeiro, o sonho está realizado. Mas Adelino recebeu um não em forma de votos. Ou melhor, de falta de votos. Resta àqueles que apoiaram João Cidinei dar respaldo e orientação para que o sonho do novo prefeito não vire pesadelo aos anitenses. Até porque a torcida é que o substituto de Ivonir exercite a máxima de ouvir antes de tomar decisões e fazer uma gestão participativa com as demais lideranças que estiveram juntos na campanha.

QUASE TERCEIRO - Por pouco o candidato Adelino Dutra não faz menos votos que o somatório de abstenções, brancos e nulos. Foram 1.872 votos para o candidato do PTB e a soma daquelas pessoas que não compareceram, votaram em branco ou anularam chegou a 1.837. Por pouco, diriam os maldosos, Adelino não fica em terceiro numa eleição com apenas dois candidatos!

PELEGOS 2016 - PMDB elegeu o vice em Capão Alto, através de Zezo Pires e o vice de Anita (Tadeu Furtado). Reelegeu Padre Edilson (Campo Belo) e Lucimar Salmória (Abdon Batista). Perdeu em Celso Ramos e Cerro Negro, onde tinha candidatos a vice. Em toda a Serra Catarinense foi nesta região que o PMDB apresentou melhores resultados.

COMPANHEIROS - Para quem pensa que o povo dá bola para essa coisa de partido, o resultado em Anita e Cerro Negro mostra que o eleitor vota mesmo em pessoas, independente de sigla partidária. Apesar de bastante judiado na mídia, o PT emplacou dois vereadores (Paulo Chatão e Professor Hugo) em Anita e Ivanor Mota no Cerro Negro. Nos dois municípios pertencem ao PT os vereadores mais votados (no caso Paulo Chatão e Ivanor). Bom esse reconhecimento local!

MINORIA EM ANITA - João Cidinei já pode começar as articulações desenhando a atuação legislativa. A coligação de oposição emplacou cinco vereadores. Ina (PP), Tiola, Oliveira Conrado e Antônio da Saúde (os três do PSB) e Célio Xavier (PSD) formam o bloco de oposição. Se estiverem unidos sai desse quinteto o novo presidente da Câmara. 

ABDON ATÉ 2020 - Seria uma judiaria Lucimar Salmória (PMDB) perder a eleição em Abdon Batista. Num conjunto de 20 municípios da Serra Catarinense, nenhum tem índices tão significativos de ações com obras e serviços. O resultado premia o esforço de Lucimar e equipe, embora nos bastidores somente ele e parte do grupo sabe o quanto foi difícil garantir 135 votos a mais que o Abelha e carimbar a vitória para mais quatro anos. De quebra, Lucimar Salmória fez a maioria na Câmara, embora o mais votado, Severino Mecabô, é um nome com bastante potencial para peleias futuras. Ele foi cogitado até para disputar como prefeito!

CELSO RAMOS I - Quem está de alma lavada é a prefeita Inês Pegoraro (PSDB) e também aquele grupo do PMDB que tratou de se desfiliar para apoiar o candidato Ondino em Celso Ramos. É verdade que foram meros 21 votos que garantiram o resultado de Ondino, mas mesmo que fosse por meio voto de vantagem, o importante é a vitória. Ainda mais que foi sobre a fortidão de siglas como PSD e PMDB.

CELSO RAMOS II - Interessante os bastidores da eleição em Celso Ramos. Estava tudo encaminhado para sair uma chapa única no município. Porém, houve a opção do lançamento de Ondino de Medeiros e Berete, cujo nome da coligação era autoexplicativo:  "ouvindo a voz do povo pelo direito de escolha". O resultado todo mundo já conhece!

O RESULTADO NO CERRO - Resultado da eleição no Cerro Negro não surpreendeu. O que surpreendeu na verdade foi a pequena quantidade de abstenções (apenas 228 votos) e a soma de brancos e nulos terem contabilizado apenas 93 votos. É que a gente tinha uma informação de que, por rejeitar a coligação PMDB e PSD, muita gente se quer iria votar. Mas não foi isso que ocorreu. Pelo contrário. Abstenções, brancos e nulos somaram meros 10% dos eleitores, ou seja, menos da metade do índice registrado em Lages.

A VITÓRIA NO CERRO - A formação da coligação reunindo PSD e PMDB antecipou o desenho da vitória de Ademilson Conrado (PP) no Cerro Negro. O eleitor não aceitou que partidos historicamente adversários, de repente, estivem abraçados. E os mais de 12% de diferença para Ademilson e Lai Moraes indica que nem foi uma eleição apertada. Os 346 votos a mais, conquistados pela dobradinha PP/PPS é indicativo de que o povo do Cerro queria mesmo desalojar o PMDB do Paço.

MAIORIA TRANQUILA - E além da vitória expressiva e convincente do PP no Cerro Negro, Ademilson Conrado conseguiu também emplacar a maioria na Câmara de Vereadores. São cinco eleitos contra quatro da oposição. Destaque para o Ivanor Barbosa que foi o mais votado pelo conjunto de ações que executou não só como secretário, mas também na retaguarda da coligação que ajudou a formar.

PADRE VENCE NO CAMPO BELO - Padre Edilson foi investigado e o Ministério Público lhe enviou um expediente onde apontava o arquivamento do procedimento por não ter sido encontrado nada que incriminasse o prefeito de Campo Belo. Mesmo assim, o episódio da Operação Patrola foi o que mais incomodou o candidato à reeleição pelo PMDB, que tinha Doutor Tadeu de vice. Um panfleto anônimo (e criminoso) espalhado pela cidade gerou angústia no candidato Padre Edilson. No final, os 229 votos de vantagem foram comemorados pelo Padre.

MAIS CAMPO BELO - Firmino Branco obteve o deferimento da candidatura no TRE/SC na sexta-feira, 30 de setembro. E o resultado do recurso foi a melhor coisa que ocorreu. Assim, o candidato do PP pôde ir para o pleito sem nenhum impedimento. Essa indefinição sobre a candidatura pode ter contribuído para o resultado das urnas. Mas se ressalve que quem deu causa à situação foi o próprio Firmino, embora tenha conseguido a decisão favorável à candidatura nas vésperas da votação.

IMAGEM PÓS-CAMPANHA

Deixo por conta do leitor da página a interpretação dessa imagem num contexto de pós-resultado do pleito em Anita Garibaldi. Dhian Barbosa e Rui Duarte com o vice-prefeito eleito, Tadeu Furtado, ao fundo. Sim, eles têm razões para estar com a boca lá nas orelhas!