Outubro Rosa: Os desafios de um diagnóstico de câncer

O nome dela é Mari Alves Dutra, ela tem 44 anos, mãe da Luiza Dutra Vieira de 12 anos e da Letícia Dutra Vieira de 4 anos, nascida e moradora de Anita Garibaldi e nesta edição ela compartilha um pouquinho da sua luta contra o câncer de mama descoberto em 2022 e do câncer de rim descoberto em 2024.
Sim, a Mari enfrentou dois cânceres e mais uma embolia pulmonar, porém, o sorriso no rosto sempre foi marca registrada durante esses anos de tratamento.
Correio dos Lagos – Há quanto tempo descobriu o câncer de mama?
Mari Dutra Alves – Descobri o câncer de mama no final de 2022, foi um ano difícil que eu perdi a minha mãe, primeiro a minha irmã descobriu que estava com câncer e dois meses depois eu tive o diagnóstico. Eu já vinha sentindo algumas dores, porém como eu amamentava, os nódulos e dores que eu sentia, eu confundi com a amamentação. Minha filha estava com 1 ano de idade.
Correio dos Lagos – Como foi receber o diagnóstico de câncer de mama?
Mari – Na verdade como eu tive um processo inflamatório no seio eu meio que já esperava, eu não falava muito para as pessoas pois muitos ainda tem receio da palavra câncer, mas eu já desconfiava, pelas dores e a pele começou a inflamar. Quando o médico me chamou e quando disseram para nós que era, a primeira coisa que me veio a mente foi, o que fazer agora? Aí perguntei ao médico, qual seria o próximo passo, mas o que veio primeiro era as minhas filhas. O fato de querer saber o tratamento e continuar firme pelas minhas filhas.
Correio dos Lagos – Como foi enfrentar o tratamento, ficar longe das filhas e o apoio da família?
Mari – A família é essencial em qualquer momento da vida, a família é base e sempre pude contar com o apoio e a parte mais difícil foi por estar amamentando, mas o apoio de todos, dos que estão longe por telefone e os que estão perto na parte prática de estar com elas, desde o desmame da pequena tive um apoio muito grande dos meus irmãos. Tive que parar de amamentar, pois precisei iniciar as quimioterapias antes da cirurgia, para poder diminuir o nódulo que estava com mais de 2 cm, um tamanho grande para a mama e parei de amamentar de imediato.
Correio dos Lagos – Como foi o tratamento?
Mari – Como a descoberta foi em dezembro, iniciei o tratamento no particular, comecei com a quimioterapia, já começou a cair os primeiros fios de cabelo, e quem raspou minha cabeça foi minha filha mais velha, procurei fazer de uma maneira mais leve. Também precisei fazer a retirada total da mama esquerda, devido ao processo inflamatório da pele, foi retirado para evitar problemas futuros.
Durante as sessões diárias de radioterapia, fiz 15 sessões, eu acabava encontrando as mesmas pessoas e por mais que tivéssemos no mesmo barco como as outras pessoas, eu olhava e via pessoas muito piores que eu, eu tinha tirado a mama, perdi cabelo, perdi imunidade, mas olhava para o lado e tinha pessoas muito pior que eu e a gente não se concentrar naquilo que a gente tá passando é a chave para enfrentar e eu sabia que uma hora ia passar.
Correio dos Lagos – E o processo de aceitação principalmente por parte das filhas, como foi?
Mari – Eu procurei encarar de uma forma bem leve, me divertia com a minha careca, brincava com elas e desde raspar o cabelo, quem me ajudou foi a minha filha mais velha, e a pequena adorou a minha careca, mas acho que pelo fato de levar de uma forma mais leve, por mais que tenham sentido a minha falta durante as quimios, a gente fica um pouco ruim, sempre busquei estar o mais presente possível.
No meu caso, consegui enfrentar o câncer de uma maneira mais leve devido ao apoio de quem estava a minha volta e para uma mãe, o que mais pesa é o medo da morte e isso passou pela minha cabeça, vem o medo, quem vai cuidar dos meus filhos?
Correio dos Lagos – Além do câncer de mama, o câncer no rim também foi um desafio.
Mari – Eu já tinha terminado a quimioterapia, cirurgia e sessões de radioterapia, após todo o processo, em um dos exames de rotina, descobri o câncer no rim, eu sentia algumas dores nas costas, mas como não sou mais uma menina de 18 anos, eu achei que poderia ser algo relacionado a coluna, achava que era normal e essas dores eram devido ao nódulo no rim. Já tinha terminado o processo em 2023 do câncer de mama e início de 2024 veio o diagnóstico do câncer no rim. O do rim eu não esperava, levei um susto. Fiz a cirurgia em Blumenau e como câncer de rim não existe quimioterapia, fiz a retirada em dezembro de 2024, tanto que o nódulo que estava com pouco mais de 2cm na primeira tomografia, foi para quase 6 cm na última tomografia e foi retirado o rim direito inteiro. A cirurgia foi um sucesso, porém eu tive trombose e embolia pulmonar, um dia após a cirurgia, o que seria para sair do hospital em dois dias levou uma semana.
Correio dos Lagos – Como está a Mari hoje?
Mari – Estou bem, feliz, ainda fazendo exames de rotina, agendando consultas, feliz por ter passado por tudo, a gente as vezes é testado ao limite, essa última cirurgia foi mais complicada, fiz a cirurgia dia 2 de dezembro, passei dois meses mais debilitada, mas mesmo assim, em dezembro ainda fui em uma noite de autógrafos da filha, com pontos, bastante inchada mas é nessas horas que a gente tem que se mostrar superior. Eu sempre tive muita fé, sempre acreditei que tudo depende da forma como a gente encara e ter atitudes positivas nos faz seguir sempre em frente.
Correio dos Lagos – O que você diria para outras mulheres que estão recebendo o diagnóstico do câncer de mama, passando pelo processo de quimioterapia?
Mari – Quando a gente recebe o diagnóstico a gente precisa respeitar como a pessoa lida, é uma doença grave, só que se concentre naquilo que você já enfrentou, e não no que você vai passar, é muito mais fácil pensar que vai passar. Para você que está enfrentando um diagnóstico saiba que você nunca vai estar sozinha, as pessoas certas estarão ao seu lado, além de tudo Deus sempre está olhando por todos. Cabelo eu perdi todos, não ficou um fiozinho pra contar a história e isso faz parte e temos que nos adaptar em todas as situações. Não desista, não se abale, se precisar chorar, chore, eu chorei várias vezes escondido, as vezes a gente precisa ser forte, para umas pessoas, principalmente para minhas filhas e para outras a gente consegue demonstrar como é e se sentir vontade de chorar, faz parte do processo. O câncer são etapas e tentar enfrentar de uma maneira mais leve, tudo muda.
A fé foi o que me manteve em pé nas horas mais difíceis, senti o cuidado de Jeová em cada momento e procuro passar para as minhas filhas também, que estar perto de Deus em todas as fases das nossas vidas, faz toda a diferença ...
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